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Antes dos socos e pancadas ou até mesmo do feminicídio em si, muitas mulheres passam por relacionamentos abusivos sem sequer perceber. Identificar atitudes reprováveis quando se está de fora é muito fácil, mas centenas de mulheres vivem um caos com os seus companheiros sem sequer imaginar o perigo que estão correndo, por associar o abuso somente aos espancamentos.

Além das agressões físicas, quase sempre a violência toma outras formas dentro de um relacionamento abusivo. Na maioria das vezes os parceiros costumam cometer crimes sexuais e psicológicos contra suas companheiras, que por estarem tão dependentes emocionalmente, consideram estes e outros tipos de violência como algo inofensivo.

Sinais como o excesso de ciúme, destruição da autoestima, ameaças, controle exorbitante, invasão da privacidade, chantagens ou até o uso do dinheiro sem acordo conjunto podem servir de alerta para identificar o perfil do agressor.  

Para Bianca Pinho Alves, Secretária Executiva de Políticas Públicas Para as Mulheres do Paulista, é importante ter cuidado para não cair nas armadilhas deste tipo de relacionamento. “As mulheres precisam se preocupar em conhecer melhor as pessoas com quem se relacionam. Observar a forma como ele trata as pessoas com quem ele convive, mãe, irmã e os subordinados pode falar muito sobre o parceiro”, disse.

“Observar o excesso de ciúme, ele nunca deve limitar as escolhas de uma pessoa. Eu sempre digo: proibir por medo de perder é limitação. E toda mulher tem o direito de fazer o que lhe der vontade. Mulheres, nunca podemos esquecer que quem te ama te estimula, te coloca para cima. Um homem que te humilha não ama você e seu relacionamento pode estar sendo abusivo.

A delegada da mulher do Paulista, Fabiana Leandro, dar dicas de como encarar e denunciar os agressores. “Tudo começa com a falta de respeito do agressor para com a vítima, que passa a sofrer humilhações, tanto em casa, como em público. Nosso conselho é que a vítima, assim que começar a perceber que isso vem acontecendo, denuncie o companheiro, sem deixar que a situação avance e chegue nas ameaças e agressões físicas. Aqui na cidade, quem precisar de ajuda, pode procurar a Secretaria Municipal da Mulher ou a Delegacia da Mulher do Paulista”, explicou.

Confira algumas dicas de como identificar os sinais

Controle e ciúmes excessivos – O controle se inicia quando a pessoa começa a decidir o que o outro pode ou não fazer ou usar, com a justificativa de que aquilo é o melhor para o parceiro. O ciúme é algo saudável nas relações, mas seu excesso está associado ao controle e pode trazer diversos problemas como ofensas e invasão da privacidade.

Afastamento de outras pessoas - Geralmente com argumentos rasos de que as amizades da parceira são má influência, ou que simplesmente não gosta das pessoas com as quais a companheira tem laços de amizade.  Aos poucos ele vai exigindo que a parceira se afaste das pessoas mais próximas e dependa somente dele.

Destruição da autoestima – Na maioria das vezes as pessoas começam a demonstrar críticas construtivas e inofensivas. Depois estas críticas se tornam mais comuns e pesadas, chegando a destruir a autoestima a ponto de fazer com que a vitima se convença de que nenhuma outra pessoa vai amá-la.

Chantagem – A manipulação é algo muito frequente em um relacionamento abusivo. Se a parceira não concorda com algo proposto pelo abusador, de forma pacífica, ele usa de chantagem para conseguir o que quer. Geralmente eles conseguem persuadir as vitimas dizendo que estão doentes, ou até mesmo ameaçam o fim do relacionamento.

Exigir relação sexual – Se o sexo é forçado, é estupro. Parece estranho, mas o estupro dentro de um relacionamento é algo real. E isso nem sempre acontece de forma explícita. Não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso.