Por Renata Luna
Quem passa pela Prontoclínica Torres de Galvão (PTG), localizada na Av. Marechal Floriano Peixoto, no Centro de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, pode não imaginar que ali funciona um serviço muito especial: um atendimento odontológico exclusivo para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Em funcionamento há nove meses, o serviço já realizou cerca de 400 atendimentos, oferecendo um cuidado acolhedor para crianças que muitas vezes encontram dificuldades na rede pública de saúde. Essa iniciativa mostra como um atendimento humanizado e acessível pode transformar não apenas a saúde bucal, mas também a experiência e a confiança das crianças e de suas famílias.
É o caso do pequeno Anthony Gabriel, de sete anos. A mãe dele, Cássia Fernanda, conta como o serviço fez a diferença para ele: “Ele sofria com um dentinho que não conseguimos tirar em casa. Depois da primeira consulta, ele voltou e conseguiu fazer o procedimento, ficou super feliz por não sentir mais dor. O atendimento da equipe foi incrível, cheio de paciência e carinho”.
A odontopediatra Larissa Costa reforça que o acolhimento é parte essencial do processo. “É um atendimento que exige atenção especial. A nossa equipe recebe muitos elogios das mães. Trabalhamos sempre com paciência, cuidado diferenciado e muito carinho para que cada criança se sinta confortável”, explicou.
O diretor do consultório odontológico da Prontoclínica Torres Galvão, Sérgio Salomão, destaca a importância de um atendimento humanizado. “Crianças com TEA precisam de atenção e acolhimento extras. A criança é recebida, acompanhada e tem garantido o retorno necessário, o que permite um cuidado integral. O paciente com TEA precisa muito mais de um atendimento humanizado no SUS do que o paciente comum, pois isso faz parte do processo de condicionamento e adaptação. Por isso, esse serviço é extremamente valioso tanto para a unidade de saúde quanto para toda a rede municipal. Quando o paciente encontra dificuldade para acessar o atendimento, isso acaba gerando evasão na rede pública. A falta de acesso causa um sentimento ruim, de abandono, e muitos acabam desistindo do cuidado, o que pode levar à marginalização, especialmente no caso de pacientes com necessidades especiais.
Segundo Pedro Petribu, superintendente de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde, o objetivo é facilitar o acesso e garantir um atendimento mais direto e eficaz. “Antes, as crianças precisavam passar por várias etapas na unidade básica de saúde, o que atrasava o cuidado. Agora, o atendimento é mais rápido e especializado, pensando nas necessidades de cada paciente. O atendimento envolve um processo de adaptação, já que muitas crianças chegam ao consultório com medo ou insegurança. Algumas conseguem iniciar o tratamento na primeira visita, mas outras podem precisar de duas, três ou quatro consultas para se sentir à vontade”.
Na Prontoclínica Torres Galvão, o atendimento odontológico exclusivo para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de até 16 anos, acontece às quintas-feiras, das 7h às 16h. O serviço é realizado somente com agendamento prévio, que deve ser feito pelo telefone (81) 98586-4139.
Os responsáveis ou pais devem apresentar os seguintes documentos: laudo médico confirmando o diagnóstico de TEA; encaminhamento de médico, enfermeiro ou psicólogo; cartão do SUS da criança; comprovante de residência atualizado e documento de identificação com foto da criança ou do responsável legal.
Fotos: Juan Marvin e Renata Luna
